Tempos modernos
Tudo tem seu tempo e ainda cumpre uma trajetória; a vida, não se fazendo de rogada, também se encaixa nessa regra, sendo demarcada por fases bem definidas que nos levam até seu fim, pelo menos a um fim orgânico, já que para nós que somos espiritualistas, sobreviveremos à morte do corpo físico.
Fomos sempre consolados, desde a primeira infância, diante da morte dos nossos avós, com colocações como: "Vovó(ô) foi para o céu", "Deus levou ela(e) para morar com Ele", isso, quando eles morriam, pois nesses tempos Modernos eles não morrem mais como antigamente, sendo comum que até quatro gerações convivam por muitos anos, o que para nós é muito novo.
E esta nova realidade é muito curiosa, minha mãe, aos 89 anos, faz hidroginástica três vezes por semana, vai a pé para a academia (01 km) e eu a apanho e levo até a casa dela (que mora sozinha), outro dia ela me disse que duas "vovozinhas" tinham entrado naquele dia para a sua turma. Não falei nada, mas fui pensando, se minha mãe aos 89 anos chamou as suas colegas de "vovozinhas", elas devem ter pelo menos uns 120 anos.
Mas, por outro lado, tem gente muito apressada e estranha, que antes de completar os 80 anos já vão saindo da vida, totalmente fora do combinado, e são muitos os que insistem em partir tão jovens, na flor da idade, começando a viver.
Ano que vem eu já completarei 60 anos, sempre fui muito ansioso, apressado mesmo, sempre correndo e muito ocupado. Assim, fiz uma conta bem simples: é muito provável que eu já tenha vivido três quartos da minha vida atual, me restando mais uns… sei lá, falo de vida com qualidade, disposição, autonomia, sem que ninguém comece a querer mandar em mim.
Diante desta possibilidade lógica, me apeguei ao número de 15 anos, que eu divido em duas etapas, os primeiros 10 onde ainda acredito que vai ser bem legal e, os outros, onde será tempo de fazer o que ainda for possível, e o que vier depois disso será um acréscimo, um tempo para fechar a conta e fazer um balancete bem feito da experiência que é viver.
Cuido dessas minhas questões com muita tranquilidade, quero que os próximos "anos" sejam todos muito especiais, quero-os realmente para mim, para vivê-los intensamente, fazendo o que gosto e o que me dá prazer, vou investir meu tempo no que realmente me realiza, agora é minha vez!
É hora de eu aproveitar a vida, já pensou se eu morrer precocemente aos 80 anos?
Será na flor da idade, se comparado com as "vovozinhas'' colegas da minha mãe.
Quero um tempo agora!
Não vou arriscar.
Rogério Alves
Muito bom o texto, Rogério e suas reflexões!!! Também estou vivendo a fase dos 50 para os 60 (se bem que o meu timer de contagem do tempo travou em 5.5. na pandemia), mas tenho pensado muito, no seguinte: lembro muito dos meus avôs, sobretudo maternos que eram mais novos do que os paternos; na minha infância, na fase em torno dos meus dez anos, eles tinha a idade que eu tenho hoje. E eram "velhos", segundo os padrões da época. Impressionante me ver hoje, na idade deles e não conseguir me sentir idoso. Talvez por isso entenda perfeitamente os 89 anos de sua mãe e as "vovozinhas" que ela cita. O filósofo Mário Cortella citou recentemente algo muito parecido,…
Muito bom pegar carona em suas reflexões sempre tão pertinentes!
Atualmente trabalho com vovôs e vovós na sala de aula (EJA) e além de haurir muita sabedoria com eles, fico fascinada com o bom humor e o ânimo de cada um!
Que maravilha podermos estar convivendo cada vez mais tempo uns com os outros!
Que possamos valorizar essa maior longevidade dos nossos próximos e que possamos estar cada vez mais lúcidos para aproveitar a nossa também!!!!