Silenciar
No fim da tarde,
dá sempre um vazio.
Terminado o dia e suas aventuras,
é hora de quietude.
Tempo de olhar-me sem distrações!
Se me sento na varanda,
o pensar vem me fazer companhia.
Os ruídos da rua nunca param!
Mesmo, ao longe, me incomodam,
só não resistem ao meu tagarelar!
Nessa minha conversa silenciosa,
nada de frases curtas ou prontas.
Os discursos são sempre longos!
Após um ponto ou uma vírgula, respiro
e a luz se foi levando o dia….
Busco sempre motivos e desculpas!
Se não quebro o meu pensar aflito, cansado,
o dia se vai e eu nem vejo.
A noite cai sem cerimônia e pronto:
É hora de entrar no seu mundo!
Sem querer resistir, me entrego!
No sono, não falo e só sei sonhar.
Sonhos tão reais que me assustam!
Com o fim da noite, vem a luz,
vem também sempre um vazio…
Com o dia, lá se vão meus sonhos.
É hora de buscar novas aventuras!
Antes, me sento e tento o silenciar,
os ruídos da rua nunca param.
É hora de café com quietude!
Dia preguiçoso que custa a passar,
difícil, ele só se entrega à tardinha.
É vida que se aquieta e só se faz
no findar do dia e no seu limiar.
De resto, só sonhos,
que de tão reais, me assustam!
Nunca tem silêncio!
Se me sento na varanda,
encontro-me para esperar a noite.
As ruas nunca param,
é sempre busca e tentativa.
Silenciar-me ...
Quase impossível!
Rogério Alves.
Nestes tempos de tantas angústias, como você tem lidado com a agitação íntima?
Construímos, valorizamos e agora tememos nossa própria Mente! Ela tomou proporções bem maiores do que somos (sem saber), e do que sabemos de nós mesmos (sem o ser). Resta perseverar e crer que somos além do que fizemos com ela, além da rua que não para e além do que conhecemos de nós; perseverar sem quase muito saber, seguir pelo crer... e aguentar...