O Vivente
- Rogério Alves da Silva
- 5 de abr.
- 1 min de leitura
“Eu espero que quando a morte te encontrar, ela te encontre vivo”
Provérbio africano

A vida, em sua sucessão de dias, acaba por nos impor situações que resultam em uma aceitação que leva o Ser a um estado de apatia, algo que lhe usurpa o poder de reação, impedindo-o que deseje mudar o estado vigente, onde as obrigações rotineiras se transformam em o único e determinante motivo da existência.
Assim, a vida passa a ser um campo de marasmo, perdendo seus contornos de surpresas, desafios e flores, asfixiando o querer e a capacidade criativa, algo tão importante, passando assim a viver um roteiro rígido que não permite o improviso, matando o aventurar-se.
Corre-se assim o risco de se deixar de viver o inabitual, mergulhando-se em um abismo, que guarda em sua escura profundeza a apatia, a indiferença, o desinteresse, a preguiça… tudo em água calma e morna, que vai aos poucos, sorrateiramente impondo uma paralisação semelhante à uma letargia, uma catalepsia irresistível.
O risco nesse caso é permitir-se morrer em vida, de pé, de olhos abertos e com o coração batendo bem calminho e compassado, tudo tranquilo, sem o mínimo sobressalto, saúde física perfeita, pressão arterial 12 x 08, glicemia menor que 90.
Mas a vida não combina com a leseira, ela é por natureza arteira, brincalhona, sapeca, serelepe e cheia de temperos, boa de ser experimentada, vivida com disposição por todos os que estão “vivinhos da Silva” e cheios de coragem.
E eu espero realmente que, quando ela vier, ela te encontre vivo.
Rogério Alves
Comments