Depois da morte…
E se não tiver o depois?
"A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais." Epicuro (filósofo grego)
Eu sobreviverei à morte?
E se não existir continuidade?
Paramos para pensar nesse futuro?
Acreditar que sobreviveremos à morte é só uma esperança?
No meio da noite acordei e, tentando fortemente voltar a dormir, me ocorreu um pensamento que levou meu sono para mais distante do que o normal; ele sempre foge e me dá um trabalho danado para pegá-lo novamente.
Mas já estou acostumado com sua tradicional rebeldia!
Enquanto caminhava na sua busca, fui pensando: quando eu morrer como será?
Já pensou se quando acontecer a morte, não existir mais nada?
E se a consciência se apagar? E se for, realmente, o fim?
Pensar não mais será possível!
Nada de lembranças, simplesmente deixar de existir!
Se morrer for morrer definitivamente, a gente nem vai ficar sabendo que morreu.
Já pensou se todos que já partiram, realmente tiverem morrido?
É triste pensar que eles deixaram de existir definitivamente, que simplesmente acabou, que eles desapareceram para sempre!
Sempre penso em como será quando eu for um espírito.
Faço planos para esse momento, penso em encontrar aqueles que mais apressados, partiram primeiro, que foram fora do combinado.
Já pensou se a morte for o fim de tudo?
Puft… e acabou!?
Se eles desapareceram definitivamente, será o fim das relações?
Se tivéssemos certeza que fosse assim, como seria?
Será que … ?
Tenho pensado muito nos valores que esposamos e nos motivos que nos levam a pensar como pensamos e a agir como agimos; nessas certezas que temos sem levar em conta a possibilidade de se estar equivocado…
No meu penúltimo texto (O homem no espelho) falei de ter todo o tempo do mundo para fazer aquilo que quero fazer; como seriam minhas escolhas e prioridades sem a minha certeza sobre a reencarnação?
Se eu não acreditasse na sobrevivência do espírito após a morte física?
Na integridade da consciência?
Na sobrevivência do eu?
Ainda, de que sou resultado de inúmeras experiências vividas, que já sobrevivi à desagregação molecular por várias vezes?
Que não fui e nem serei aniquilado pela tão temida morte?
Você já pensou nestes assuntos que dão causa a fuga do meu sono?
É engraçado que, com o tempo, a gente vai trilhando caminhos até pouco tempo impensáveis.
Às vezes, é muito bom libertar nossos pensamentos das amarras limitadoras que inibem nossos voos, que vão tirando a transparência das vidraças das nossas janelas, nos impedindo de ver lá fora, nos fechando amedrontados no nosso mundinho cheio de certezas.
São estas janelas que podemos abrir e aproveitar para vislumbrar outras possibilidades…
Se não estivermos disponíveis e atentos, a vida vai nos tolhendo e estreitando nossos horizontes, vamos nos enchendo de limitadora acomodação, perdendo a grande oportunidade de imaginar como seria a nossa vida diante de uma outra realidade.
E assim, avaliar mais claramente como temos vivido, em que realmente acreditamos, quais são nossos valores, nossas verdades, medos…
Coisa de maluco?
Sei lá, o que sei é que adoro estes momentos de liberdade onde minha mente viaja sem amarras e me divirto com a incerteza das minhas certezas.
Como estão suas janelas?
Rogério Alves.
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